A situação da dengue em Santa Fé do Sul (SP) e em toda a região preocupa especialistas e gestores de saúde, que alertam para um cenário de agravamento nos próximos meses. Nos primeiros 10 dias de 2025, o município já registrou 211 novas notificações, com 72 casos confirmados da doença, além de um óbito em investigação.

Durante uma reunião com representantes de diversos municípios, incluindo São José do Rio Preto, especialistas apontaram que os casos de dengue tendem a aumentar e podem apresentar gravidade maior. “Ficamos muito assustados com essa previsão, e por isso estamos intensificando as ações preventivas desde o final do ano”, afirmou Valéria Campoi, responsável pela Vigilância Epidemiológica de Santa Fé do Sul.

Após mais de 15 anos sem registro, o vírus da dengue tipo 2 voltou a circular no município, tornando grande parte da população suscetível à infecção. Amostras coletadas de pacientes até o terceiro dia de sintomas confirmaram o sorotipo no município. Além disso, outros municípios da região já registraram casos do tipo 3, o que demonstra a presença de múltiplos sorotipos na área.

Em reunião recente, autoridades de saúde destacaram a preocupação com o próximo período epidemiológico, quando existe a possibilidade de circulação simultânea dos quatro sorotipos da dengue. Isso aumenta o risco de infecções sucessivas, que podem levar a quadros mais graves. “Por exemplo, uma pessoa que já teve dengue tipo 2 pode ser infectada pelo tipo 3 ou outro sorotipo, elevando a chance de complicações”, explicou Valéria Campoi.

Além disso, foi observado que os casos atuais de dengue apresentam sintomas mais intensos. “A população está mais vulnerável e tem reagido de forma mais severa à doença”, alertou.

A coordenadora destacou que o sucesso no combate ao mosquito Aedes aegypti depende diretamente da parceria com a população. Um dos maiores desafios enfrentados pelas equipes de controle é a falta de colaboração de moradores durante as visitas domiciliares.“Isso é algo que afeta diretamente a eficácia das nossas ações. O trabalho de nebulização, por exemplo, só é efetivo quando conseguimos acessar pelo menos 80% dos imóveis da área trabalhada”, explicou.

A Vigilância Epidemiológica reforça a importância de que a população procure assistência médica ao primeiro sinal de sintomas da dengue, como febre alta, dores no corpo, dor de cabeça e manchas vermelhas na pele. O acompanhamento precoce é fundamental para evitar complicações graves e permitir uma notificação precisa dos casos.