STF abre julgamento histórico sobre atos de 8 de janeiro com sessões marcadas para setembro

O STF inicia na terça-feira (02) julgamento que pode levar à condenação e até prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares pelo 8 de janeiro de 2023.

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Alex Santos
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STF abre julgamento histórico sobre atos de 8 de janeiro com sessões marcadas para setembro
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciará, a partir do terça-feira (02) - Imagem: Reprodução

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciará, a partir do terça-feira (02) o julgamento considerado inédito desde a redemocratização, pode resultar na condenação — e, eventualmente, na prisão — do ex‑presidente Jair Bolsonaro e de militares por participação nos ataques de 8 de janeiro de 2023. As sessões foram agendadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, totalizando oito audiências.

A Corte montou esquema especial de segurança para os dias de julgamento: haverá controle de acesso aos prédios, varredura com cães farejadores para busca de explosivos e uso de drones. A imprensa nacional e internacional requisitou credenciamento: foram registradas 501 solicitações. Além disso, o STF recebeu 3.357 inscrições de advogados e cidadãos que quiseram acompanhar as sessões presencialmente; por limitações de espaço, apenas os primeiros 1.200 pedidos serão aceitos.

Os aprovados assistirão às deliberações por telão na sala da Segunda Turma; a sala da Primeira Turma ficará reservada aos advogados dos réus e a profissionais de imprensa, onde de fato ocorrerá o julgamento. Para cada uma das oito sessões foram disponibilizados 150 lugares.

Calendário e horários das sessões

  • 2 de setembro: 9h e 14h
  • 3 de setembro: 9h
  • 9 de setembro: 9h e 14h
  • 10 de setembro: 9h
  • 12 de setembro: 9h e 14h

Lista dos réus no núcleo principal (núcleo 1)

  • Jair Bolsonaro, ex‑presidente da República;
  • Alexandre Ramagem, ex‑diretor da Abin (atualmente deputado federal) — responde a parte das acusações;
  • Almir Garnier, ex‑comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex‑ministro da Justiça e ex‑secretário de Segurança do DF;
  • Augusto Heleno, ex‑ministro do GSI;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex‑ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, ex‑ministro e ex‑candidato a vice em 2022;
  • Mauro Cid, ex‑ajudante de ordens.

Os réus são acusados de integrar organização criminosa armada, de tentativa de abolir violentamente a ordem democrática, de golpe de Estado e de crimes relacionados a violência e dano ao patrimônio público tombado. No caso de Alexandre Ramagem, parte das imputações foi suspensa em razão de prerrogativas previstas na Constituição; ele permanece processado por três dos crimes inicialmente apontados.

Rito processual e fases do julgamento

O procedimento seguirá o Regimento Interno do STF e a Lei 8.038/1990. A sessão inaugural no dia 2, às 9h, será aberta pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin. Na sequência, o relator, ministro Alexandre de Moraes, fará a leitura do relatório que sintetiza as etapas investigatórias e processuais até as alegações finais. Após o relatório, a palavra será dada primeiro à acusação — que caberá ao procurador‑geral da República, Paulo Gonet, com prazo de até duas horas — e depois às defesas, que terão até uma hora cada para sustentação oral.

Votação e outros procedimentos

O relator, Alexandre de Moraes, votará primeiro e poderá decidir sobre questões preliminares suscitadas pelas defesas antes de apreciar o mérito. A ordem dos votos seguirá com Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Para condenação ou absolvição é necessária a maioria simples de três votos entre os cinco ministros da turma.

Também é possível que algum ministro peça vista, o que suspenderia o julgamento até nova devolução do processo — prazo que pode chegar a 90 dias, conforme o regimento. Caso haja condenação, a execução de eventuais prisões não será automática: só poderá ocorrer após análise dos recursos. Réus condenados podem ser encaminhados a alas especiais de presídios ou instalações das Forças Armadas, de acordo com regras aplicáveis a oficiais e autoridades.

A denúncia da PGR foi dividida em quatro núcleos. O núcleo 1, que tem Jair Bolsonaro como figura central, será o primeiro a ser julgado; os demais núcleos ainda estão em fase de alegações finais, com julgamento previsto ainda para este ano.