A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santa Fé do Sul (SP) deu mais um passo importante nas investigações do feminicídio de Vitória Correia da Silva Paes, de apenas 17 anos, ocorrido no último domingo (22). Em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (27), a delegada Karla Cristina confirmou que uma reconstituição do crime será realizada na próxima segunda-feira (30) para esclarecer as circunstâncias da morte e reforçar as provas já coletadas.

Vitória foi encontrada morta dentro de casa, com um ferimento na cabeça causado por disparo de arma de fogo. O principal suspeito é o companheiro da vítima, Eduardo Doce Ferreira, de 40 anos, que segue preso preventivamente. Ele afirma que havia saído por volta das 5h da manhã para comprar um salgado e, ao retornar, ouviu o tiro vindo da residência. No entanto, a versão apresentada foi considerada “fantasiosa” e contraditória pela polícia.

“Ele continua negando e não vem colaborando de forma alguma com o trabalho de investigação, pelo contrário, ele dificulta a partir do momento que ele cria uma versão fantasiosa que nem um pouco plausível”, disse.

Segundo a delegada, a reconstituição será essencial para confrontar o depoimento do suspeito com os fatos apurados até o momento. “Optamos por estar fazendo uma reconstituição do crime para comprovar elementos de investigação que até agora foram apurados. A reconstituição vai ser determinante para a gente estabelecer como foi efetuado o disparo. Observamos que ela morreu em decorrência de um disparo de arma de fogo”, explicou Karla Cristina.

Outro ponto crucial no avanço do caso foi a apreensão da arma que teria sido usada no crime, um revólver calibre 38 encontrado em uma casa da cidade após denúncia anônima. O morador da residência confirmou que recebeu o revólver e munições de um amigo no dia do crime e entregou o material voluntariamente à polícia. A arma foi enviada para perícia e será comparada ao projétil retirado do corpo da vítima.

Revólver calibre 38 encontrado em uma casa da cidade após denúncia anônima - Imagem: PC/DDM Santa Fé do Sul

A delegada também revelou a existência de uma testemunha-chave, que está sob proteção e teria sido a pessoa que recebeu a arma do suspeito logo após o crime. “Temos uma testemunha muito importante, que está realmente protegida. Ela teria recebido esse armamento do indiciado no dia do crime”, disse.

O caso foi registrado como feminicídio com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e motivo fútil. Familiares relataram que Vitória sofria agressões constantes, era ameaçada de morte e havia manifestado a intenção de se separar do companheiro no dia do crime.

As investigações seguem em andamento, e novas testemunhas poderão ser ouvidas nos próximos dias. A polícia aguarda também os laudos periciais para finalizar o inquérito e encaminhar o caso à Justiça.

Eduardo Doce Ferreira, de 40 anos, que segue preso preventivamente - Imagem: Reprodução