A Polícia Civil realizou nesta segunda-feira (30), em Santa Fé do Sul (SP), a reconstituição da morte de Vitória Correia da Silva Paes, de 17 anos, morta no último dia 22 de junho dentro da própria casa. O principal suspeito do crime é o marido da jovem, Eduardo Doce Ferreira, de 40 anos, que foi preso em flagrante por feminicídio no dia do crime.

A reconstituição contou com a presença do suspeito, que é legalmente obrigado a comparecer, embora poderia ter optado por não participar ativamente da simulação. O objetivo da ação foi esclarecer a dinâmica do assassinato, identificar contradições e reforçar ou descartar as provas já colhidas no inquérito.

A cena foi isolada e acompanhada por moradores, mas sem a presença de familiares da vítima. Apenas parentes de Eduardo estiveram no local.

A cena foi isolada e acompanhada por moradores - Imagem: Alex Santos

Segundo a delegada Karla Cristina, da Delegacia de Defesa da Mulher de Santa Fé do Sul, a simulação confirmou os elementos já apurados pela equipe de investigação.

“O que ele alegou é totalmente fantasioso. No momento da reconstituição, ao ver a cena com a vítima no chão, ele não demonstrou qualquer tipo de emoção. Pelo contrário, quis mostrar detalhes de como o corpo foi encontrado. Isso reforça o retrato de alguém que não tem arrependimento e não quer colaborar com a investigação”, afirmou.

Vitória foi encontrada caída no chão, com uma faca na mão. A casa não apresentava sinais de arrombamento, o que chamou a atenção da equipe policial desde o início. Segundo os investigadores, a jovem foi morta com um tiro na parte superior da cabeça, o que, segundo a delegada, indica uma execução.

“Já temos que ela foi vítima de um disparo, tem um orifício de entrada na cabeça, na parte de cima, característica de execução. Infelizmente essa vítima foi morta sem qualquer chance de reação, uma menina de 17 anos e com riqueza de perversidade”, destacou a delegada.

Karla Cristina, da Delegacia de Defesa da Mulher de Santa Fé do Sul - Imagem: Alex Santos

Apesar da prisão em flagrante, Eduardo segue negando a autoria do crime. Ele afirma que saiu de casa por volta das 5h da manhã para comprar um salgado e, mesmo usando capacete e conduzindo uma moto, teria ouvido um disparo. Ao retornar, diz ter encontrado a esposa já sem vida.

A defesa do suspeito, representada pelos advogados Ícaro Pereira Souza e Vinicius Rossi, afirmou que Eduardo mantém a mesma versão desde o início e que colaborou com tudo o que foi solicitado. O advogado também defendeu que outras possibilidades devem ser consideradas na investigação.

 “Ele não estava presente no momento exato do crime, então não tem como ajudar mais. A versão dele sempre foi a mesma desde o início. Acreditamos que novas provas da defesa podem abrir outras linhas de investigação”, afirmou Ícaro.

A Polícia Civil aguarda agora a conclusão dos laudos periciais, incluindo o resultado da análise da bala retirada do corpo da vítima. A suspeita é que o disparo tenha sido feito por uma arma que estava em posse de um amigo do investigado. Um laudo preliminar já indicou que a arma foi utilizada recentemente.

Vinicius Rossi e Ícaro Pereira Souza, defesa do suspeito - Imagem: Alex Santos