A Polícia Civil de São Paulo enviou cerca de mil notificações a donos de aparelhos que, segundo cruzamento de dados com operadoras e boletins de ocorrência, estão relacionados a roubos ou furtos. A ação integra o SP Mobile, sistema da Secretaria de Segurança Pública criado para localizar e recuperar telefones irregulares. As pessoas notificadas tiveram prazo de três dias para comparecer à delegacia e comprovar a legalidade do aparelho ou devolvê‑lo; quem não atender pode ser investigado por receptação, conforme apuração.
Segundo a coordenação do SP Mobile, o sistema, implantado em junho, segue em aprimoramento e emite alertas mensalmente. Além das notificações, as equipes realizam buscas com mandados judiciais e fiscalizações em estabelecimentos. O governo estadual informou que mais de 11 mil aparelhos já foram recuperados desde a implantação, entre devoluções voluntárias, ações policiais e apreensões em pontos de receptação.
A Secretaria também registrou entregas espontâneas de celulares por cidadãos que não receberam notificação, movimento que, de acordo com a polícia, indica maior atenção do público à procedência dos aparelhos e confiança nas investigações.
Em desdobramento das ações, na terça‑feira (4) a Polícia Civil prendeu dois homens e uma mulher envolvidos em uma rede de receptação na capital paulista. A Operação Mobile Strike apreendeu 43 celulares no imóvel que funcionava como fachada comercial, além de oito capacetes, seis relógios, um veículo de luxo, uma arma de brinquedo, joias e uma bolsa térmica utilizada para ocultar aparelhos e dificultar o rastreamento.
Os aparelhos apreendidos serão periciados. A investigação apontou que a quadrilha movimentava em média de 20 a 30 telefones por dia. Onze pessoas foram levadas ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) para depoimento e seguem sob apuração por envolvimento no esquema.
A operação é continuidade de investigações iniciadas há cerca de três meses pela 2ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (Disccpat). Em setembro, na primeira fase da ação, dois suspeitos foram presos em uma central de receptação na Barra Funda. As apurações indicam que havia organização hierarquizada, com membros responsáveis pelo roubo, pelo repasse ao comércio clandestino — inclusive exportação — e por facilitar a cadeia entre furto e venda.
A polícia reforça o alerta para aquisição de celulares: verificar a procedência, checar notas fiscais e evitar ofertas aparentemente vantajosas, além de procurar a delegacia ao desconfiar de irregularidade.