PF e Receita deflagram 'Quimera Fiscal' contra consultoria que teria lesado R$ 244 milhões

Polícia Federal e Receita Federal miram consultoria acusada de falsificar compensações de tributos; valores teriam sido usados para compra de imóveis e bens de luxo.

  • Go to the profile of  Alex Santos
Alex Santos
· 1 minuto de leitura
PF e Receita deflagram 'Quimera Fiscal' contra consultoria que teria lesado R$ 244 milhões
Valores obtidos ilegalmente teriam sido empregados na aquisição de imóveis no Brasil e no exterior - Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Agentes da Polícia Federal e da Receita Federal deflagraram nesta quarta-feira (10) a Operação Quimera Fiscal, que investiga uma estrutura de falsa consultoria tributária acusada de promover compensações indevidas e lavagem de dinheiro no noroeste paulista.

A apuração, segundo a Receita, aponta prejuízo superior a R$ 244 milhões aos cofres públicos. A investigação identificou empresas participantes em municípios da região de São José do Rio Preto e Araçatuba.

Em levantamentos preliminares, foram listadas compensações indevidas em valores específicos para três cidades do noroeste: Cosmorama (R$ 18.778,15), Guapiaçu (R$ 79.216,33) e Neves Paulista (R$ 243.987,92). Conforme os órgãos, o esquema foi detectado a partir da análise de documentos colhidos na Operação Ornitorrinco, realizada em março de 2024.

A consultoria alvo oferecia a “recuperação” ou cessão de créditos reconhecidos judicialmente contra a União e o extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e, depois, utilizava documentos manipulados para embasar pedidos administrativos de compensação.

Entre os artifícios descritos pela Receita estavam guias de recolhimento com valores irrisórios e referências a processos judiciais verdadeiros, usados para dar aparência de legalidade às operações; em seguida eram transmitidos administrativamente PER/DCOMPs para extinguir tributos de forma imediata. A consultoria cobrava comissões que chegavam a 70% do valor compensado.

Os valores obtidos ilegalmente teriam sido empregados na aquisição de imóveis no Brasil e no exterior e de bens de luxo, muitas vezes registrados em nome de empresas patrimoniais ou de laranjas, caracterizando indícios de lavagem de dinheiro.

A operação recebeu o nome “Quimera Fiscal” em referência à criatura mitológica que mistura partes diferentes — definição usada pela Receita para ilustrar a combinação de elementos reais e falsificados que dava sustentação às soluções tributárias fraudulentas. Investigações e diligências continuam em andamento.