A Polícia Federal prendeu preventivamente nesta quarta-feira (17) o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, e o diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Rodrigo de Melo Teixeira, durante a deflagração da Operação Rejeito. A ação conjunta da PF e da Controladoria-Geral da União cumpriu também 79 mandados de busca e apreensão.
A investigação apura supostas fraudes na autorização da extração de minério de ferro em áreas de Minas Gerais, incluindo locais tombados e próximos a unidades de preservação. Segundo a PF, o esquema envolvia a obtenção irregular de licenças ambientais por meio de suborno a servidores de órgãos estaduais e federais, com uso de artifícios para dissimular recursos e dificultar investigações.
Além das prisões de hoje, a Justiça Federal determinou o afastamento cautelar dos ocupantes de cargos públicos ligados à investigação. Os 22 alvos de prisão preventiva investigam-se por crimes que incluem crimes ambientais, usurpação de bens da União, corrupção ativa e passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e embaraço às investigações. A PF estima que o grupo tenha obtido pelo menos R$ 1,5 bilhão com as práticas ilícitas; a mesma quantia foi bloqueada por determinação judicial em Minas Gerais.
Trivellato, advogado com atuação em direito ambiental, ocupou posições na ANM desde 2020 e passou a integrar a diretoria colegiada em dezembro de 2023. Rodrigo Teixeira, ex-diretor da Polícia Federal com passagens por funções de liderança na corporação e em órgãos públicos de Minas Gerais, assumiu cargo no SGB recentemente.
Em nota, a ANM informou que tomou conhecimento da operação pela imprensa e que ainda não recebeu comunicação oficial sobre eventuais medidas envolvendo servidores ou dirigentes, reiterando disponibilidade para colaborar com as autoridades quando houver notificação formal. O SGB também declarou que não comenta processos em curso e afirmou compromisso com a legalidade e transparência. As defesas dos investigados ainda não se manifestaram publicamente até a conclusão desta reportagem.