Governo aponta compra de etanol adulterado como provável origem de contaminação por metanol

Derrite afirmou que o esquema envolveria organização criminosa que adulterava etanol para revenda, e que o produto contaminado acabou sendo usado na fabricação irregular de bebidas.

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Alex Santos
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Governo aponta compra de etanol adulterado como provável origem de contaminação por metanol
Polícia apurou que distribuidora usava etanol de posto de combustíveis na produção irregular das bebidas - Imagem: Reprodução

A Secretaria de Segurança Pública informou que há grande probabilidade de a contaminação de bebidas alcoólicas por metanol ter começado com a compra, por falsificadores, de etanol combustível adulterado com metanol. A declaração foi feita na sexta-feira (10) pelo secretário estadual de Segurança, Guilherme Derrite, durante entrevista coletiva.

Derrite afirmou que o esquema envolveria organização criminosa que adulterava etanol para revenda, e que o produto contaminado acabou sendo usado na fabricação irregular de bebidas. O caso está sendo investigado em conjunto com o Ministério Público. Segundo a SSP, os responsáveis podem responder por associação criminosa e até homicídio culposo em decorrência das mortes já atribuídas à contaminação.

A linha de investigação ganhou força após o primeiro óbito confirmado entre as cinco mortes registradas no estado. No bar frequentado pela vítima, as autoridades apreenderam nove garrafas — oito delas com presença de metanol em concentrações que variaram de 14,6% a 45,1%. Perícias da Polícia Técnico-Científica apontaram que algumas embalagens continham apenas metanol, sem álcool etílico.

Segundo a investigação, foram recolhidas cerca de 1,8 mil garrafas em diversos estabelecimentos; 300 passaram por análise laboratorial até o momento, e aproximadamente metade apresentou teores de metanol entre 10% e 45%. Em depoimento, o dono do bar admitiu ter adquirido as garrafas de uma distribuidora não autorizada.

A polícia apurou que essa distribuidora usava etanol de posto de combustíveis na produção irregular das bebidas. “O falsificador foi no posto comprar etanol para falsificar a bebida, e o dono do posto vendeu etanol falsificado com metanol”, resumiu Derrite.Na última semana de setembro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), havia qualificado o problema das contaminações como “estrutural”, afirmando que não necessariamente estaria ligado ao crime organizado.

As investigações, porém, agora seguem a linha que relaciona adulteração de combustíveis e a cadeia de produção e distribuição das bebidas falsificadas.