O ex-prefeito de Urânia, Francisco Airton Saracuza, foi preso na tarde da última segunda-feira (28), em sua residência, após ser condenado a oito anos de prisão em regime fechado por crimes de desvio de dinheiro público. A decisão da Justiça é definitiva e não cabe mais recurso.

A condenação se refere a um esquema que teria ocorrido durante o mandato de Saracuza na prefeitura do município.  As investigações começaram há cerca de dez anos e apontam que o ex-prefeito desviou cerca de R$ 400 mil em recursos federais repassados ao município. O caso foi investigado pela Polícia Federal.

Em 2017, o ex-prefeito chegou a ser preso temporariamente durante a fase de investigação, mas foi solto após a concessão de um habeas corpus, permanecendo em liberdade até a condenação final, agora confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), parte do dinheiro desviado foi usada para realizar pagamentos indevidos a apenas 12 servidores, todos próximos ao ex-prefeito. Esses funcionários receberam indenizações por férias e licenças-prêmio acumuladas por até sete anos, além de acertos trabalhistas que chegaram a R$ 62 mil para cada um, valores muito acima da média da prefeitura.

A Polícia Federal também apontou irregularidades nos aumentos salariais de alguns desses assessores, que chegaram a receber até 400% a mais durante a gestão de Saracuza. Os pagamentos foram realizados no último dia de seu mandato, em 2012, e a maioria dos beneficiados era filiada ao partido do ex-prefeito ou fazia parte da coligação que o apoiava nas eleições daquele ano.

Enquanto isso, os demais servidores da prefeitura, mais de 400 pessoas, incluindo aqueles com os menores salários, não receberam o pagamento de dezembro, o décimo terceiro nem as férias proporcionais. Muitos desses trabalhadores enfrentaram dificuldades financeiras e precisaram de ajuda de familiares para se sustentar.

Ainda segundo a PF, os pagamentos aos assessores foram feitos mesmo sem respaldo legal, incluindo valores referentes a períodos prescritos, ou seja, que já não poderiam mais ser cobrados judicialmente.

O valor que foi desviado, conforme apontado na investigação, seria quase suficiente para cobrir a folha de pagamento completa dos 295 servidores ativos da cidade. No entanto, apenas os 12 aliados de Saracuza foram contemplados.